Saudação à pré-candidatura de Guilherme Boulos pelo PSOL
Um novo momento do partido em um novo momento da conjuntura
Saudamos o anúncio da pré-candidatura do companheiro dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, à presidência da República pelo PSOL.
Ela representa um encontro de trajetórias fundamental na conjuntura dramática que enfrentamos. O nascimento do Partido Socialismo e Liberdade, no rastro de um dos maiores símbolos da capitulação petista ao capital que foi a reforma da previdência de 2003, foi um acerto tremendo. De fato conseguimos nos tornar um guarda-chuva para a esquerda socialista. Esse acerto não exclui que aquela ruptura parlamentar com o PT, apesar de ter se tornado uma importante alternativa política e eleitoral, não conseguiu tornar-se significativa no seio das lutas das classes subalternizadas e de suas organizações e movimentos sociais.
A aproximação do partido com movimentos sociais como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e o MTST, criam um outro patamar para o diálogo com as classes trabalhadoras, povos indígenas e comunidades tradicionais do Brasil. Se o PSOL e seus representantes até aqui se mantiveram firmes ao lado dos interesses populares, é preciso avançar, é preciso pintar o PSOL com novas lutas, é necessário transformá-lo numa ferramenta à altura da construção de uma esquerda radical pós-petista.
Essa união representa um novo ciclo após a falência da experiência da conciliação de classes levada adiante pela direção lulo-petista, que só foi viável graças ao período de extraordinária expansão do capitalismo. Assim que os ganhos do capital foram colocados em risco a autocracia burguesa optou por “chutar” o projeto da conciliação. Se por um lado o reformismo de baixa intensidade foi capaz de trazer avanços como o Estatuto das Cidades ou a eliminação da miséria extrema no Brasil, por outro lado tornou nossa sociedade mais dependente na dinâmica do sistema mundo capitalista e, por isso, mais primário-exportadora – avançando sobre a natureza e os povos, e necessitando de uma super exploração ainda maior sobre o povo trabalhador.
Nesse momento estamos engajados na pré-candidatura da companheira Sônia Guajajara. Rodando pelo Brasil e aproximando cada vez mais os “parentes” indígenas do PSOL. A pré-candidatura de Sônia tem um efeito catalisador impressionante por conta de sua trajetória intransigente na luta em defesa dos povos indígenas e da mãe terra. Ela força o PSOL e a esquerda em geral a repensarem as orientações programáticas e estratégicas orientadas para a busca do crescimento econômico infinito em um mundo finito. Coloca o bem-viver dos povos como o aspecto principal e não a produção/acumulação de riquezas. Afirma ecossocialismo ou barbárie!
Estamos, portanto, muito felizes porque o PSOL se tornou atrativo para os lutadores da cidade, do campo e da floresta. Às vésperas da Conferência Nacional Eleitoral do PSOL saudamos todas as pré-candidaturas apresentadas. Em que pese a dificuldade do PSOL de ter uma vida orgânica mais democrática e que o processo de definição das candidaturas ainda está longe do ideal, temos certeza que o PSOL sairá muito bem representado, tendo em vista a qualidade das pré-candidaturas. Teremos, inevitavelmente, uma baita chapa presidencial.
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