Dia da Visibilidade Trans: uma saudação à Linda Brasil e Maya Eliz
O Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais e travestis no mundo pelo 14º ano consecutivo, em especial pessoas negras e periféricas. À estas pessoas, além do não-reconhecimento de suas identidades enquanto detentoras de direitos, soma-se os índices mais baixos de escolaridade, de empregabilidade, de salário e uma expectativa de vida que pouco ultrapassa os 35 anos.
Apesar de todos os dados alarmantes que ilustram a profunda transfobia estruturante do país, é preciso reconhecer a importância do transativismo e do transfeminismo que desafia a sub representação no sistema político brasileiro. Hoje, um importante movimento de ocupação da política com corpos diversos, aqueles que o sistema hétero cis patriarcal considera descartáveis, tem sido identificada em curso, em especial (embora não somente) durante os processos eleitorais do Brasil. Um exemplo deste processo é a eleição de Erika Hilton à deputada federal pela bancada do PSOL, que tem cumprido um papel fundamental na defesa de direitos sociais, em especial de pessoas transexuais e travestis no Brasil.
Atravessamos um período sombrio no Brasil, no qual alcançamos uma vitória importante nas eleições de 2022, mas ainda é necessário enfrentar a extrema direita organizada no parlamento, nas ruas e na sociedade como um todo. Os ataques à população trans foram especialmente brutais. O estímulo constante à violência, em especial política e de gênero, marcou não somente este período pelo discurso de ódio mas também pelo aumento nos casos de violência física com requintes de crueldade, intimidações e ataques aos direitos da população trans envolvendo mentiras e informações distorcidas da realidade.
É tarefa do PSOL apostar na renovação da política para além de sujeitos que tradicionalmente são representados nos espaços de poder e na política institucional. Hoje o partido é um instrumento amadurecido que tem se lançado ao desafio da disputa real do poder executivo nos processos eleitorais, tarefa essa que nos possibilita fazer amplamente a discussão sobre projetos de sociedade que queremos.
Ao longo de sua trajetória, o PSOL tem construído programas eleitorais a partir de diagnósticos e amplos debates. Neste sentido, é preciso pensar a representatividade não somente em candidaturas proporcionais, mas especialmente na disputa ao executivo, historicamente marcado pelo mesmo perfil social que também domina a política de forma geral.
Neste importante dia sobre a visibilidade trans, saudamos a iniciativa de pessoas como Linda Brasil (SE), Maya Eliz (CE) e tantas outras figuras que colocam o corpo à disposição do PSOL à disputa do executivo municipal, além de todas as demais que estão nas disputas à vereança nas eleições de 2024. É parte intrínseca do projeto partidário do PSOL construir e apoiar figuras de mulheres, mulheres negras, transexuais e travestis tão pouco representadas na política institucional. Assim como ainda se constitui como um desafio a ascensão de homens trans e transmasculinos, assim como pessoas não-binárias nesta disputa.
A representatividade que reivindicamos não é meramente um debate sobre figura, mas sobre uma produção de um pensamento e um fazer político fora das normas hetero-cissexista e imperialistas, além da representação de determinados setores que, para além de expressar em seu corpo os sujeitos marginalizados, sejam comprometidos com as pautas sociais, uma transformação radical da sociedade em que vivemos e o programa partidário como um todo.
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