Nota Pública em Solidariedade à Professora Dra. Luciana Gatti (INPE)

Imagem de fundo verde escuro com texto amarelado no topo escrito: Setorial Nacional de Meio Ambiente. No meio, tem outro texto em verde claro escrito: Nota pública em solidariedade à professora Dra. Luciana Gatti (INPE). E, por último, tem o logo do Subverta na cor branca.

Nas últimas semanas, diante dos milhares focos de incêndio e queimadas que se espalharam por todo o território brasileiro (só no dia 23 de agosto foram 1886 focos de queimada no estado de São Paulo – fonte INPE) e que deixaram o ar e o ambiente insalubres, vimos o debate ambiental brasileiro se acalorar.

Um episódio importante que agitou as redes e meios de comunicação ligados a setores bastante conservadores da sociedade, mas que pode ter passado despercebido por ambientalistas e por setores progressistas brasileiros, se deu a partir da entrevista que a professora Dra. Luciana Gatti deu ao Globonews. Esta entrevista passou a ser usada com perspicácia por atores do agronegócio para desqualificar não só a pesquisadora, mas também as pesquisas científicas ambientais brasileiras.

Porém, para além dos ataques e desqualificações em torno do debate ambiental pautados em uma perspectiva anticiência e de desinformação, também presenciamos variadas formas de violência contra as mulheres cientistas do Brasil. A intensidade dos ataques à Profa. Luciana foram marcados por uma virulência que só pode ser compreendida em uma realidade misógina e machista.

A professora e pesquisadora Luciana Gatti é, de maneira incondicional, considerada uma das maiores pesquisadoras brasileiras na área de gases do efeito estufa e hoje ocupa dentro do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) a Coordenação do Laboratório de Gases de Efeito Estufa, junto ao qual tem uma extensa e qualificada produção científica sobre o assunto.

Juntamente a isso, há um fato fundamental do trabalho e compromisso político da Profa. Luciana, pois ela é, além de cientista renomada, também uma importante porta-voz pública e política das pautas ambientais em cenário de crise ambiental. Atuação científica comprometida com a vida e a preservação do planeta em que coloca a excelência dos dados científicos a favor do combate ao cenário de colapso ambiental e crise climática. De tal modo, podemos afirmar que a Profa. Dra. Luciana Gatti é uma grande cientista que ‘não foge à luta!’

A força e virulência dos ataques, ‘certamente’ também aconteceram devido ao fato da Profa. Dra. Luciana Gatti, com base em dados científicos irrefutáveis, apontar o dedo para um dos donos do Brasil – o agronegócio. Este conjunto de ataques, orquestrado especialmente por setores ligados ao setor sucroalcooleiro (de produtos derivados da cana de açúcar) tenta, o tempo todo, esvaziar a gravidade da questão das queimadas, como também desqualificar os acúmulos científicos que apontam os prejuízos ambientais e o acúmulo disso no contexto do colapso climático (e planetário). 

Como afirma a própria professora Luciana Gatti em Nota Técnica – O Brasil em Chamas – publicada em 20/09/2024:

 “A situação atual nos mostra que este modelo econômico baseado em exportação de grãos, carnes e madeira nos coloca cada vez mais vulneráveis às mudanças climáticas, aos eventos extremos que tem matado muitos brasileiros. Precisamos desenvolver um modelo econômico viável nestes tempos de clima tão diferentes, e sabendo que será cada vez pior. Precisamos de produção de alimento em sistema de agrofloresta, onde ao mesmo tempo que produzimos alimentos, produzimos também chuva, baixamos a temperatura e retiramos CO2 da atmosfera. Nos dias atuais temos que nos unir para juntos desenvolvermos as soluções. Precisamos apagar os incêndios, tomar providências quanto aos que não tem nenhum compromisso com o coletivo, e somarmos forças para descobrirmos juntos como sobreviver em um Brasil, um planeta cada vez mais inóspito, devido às agressões cometidas contra o meio ambiente, contra a natureza.” 

Corroboramos esta afirmação e expressamos toda nossa solidariedade à mulher e pesquisadora Luciana e a todas as mulheres cientistas do nosso país que lutam e enfrentam os setores conservadores da sociedade. 

Estamos hoje e sempre estaremos ao lado das mulheres que colocam a vida acima do Lucro, que enfrentam o fogo e as queimadas, que lutam por comida sem veneno e defendem a agroecologia e a agricultura familiar, que defendem as florestas, os biomas, as infâncias, a regularização fundiária, a demarcação das terras indígenas, que se colocam ao lado dos povos originários, tradicionais e de seus saberes e, de tantas pautas mais que nos são caras.


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