Carta de Cabanos e o reflexo-ação para 2025

Neste cento e noventa anos do único movimento da história do Brasil, que dentro de suas contradições, foi o único movimento em que o povo conseguiu ascender ao poder mesmo que tenha sido um curto período de tempo, a Cabanagem, ocorrido em terras amazônidas e marca a identidade sobretudo de parauaras. Nos encontramos em mais um ano marco para a população brasileira haja vista que os olhos do globo estarão voltados para capital paraense dada a realização do maior evento sobre mudanças climáticas previsto para ser realizado neste 2025. Os dois eventos, embora em contextos históricos diferentes, possuem algo em comum: a necessidade fundamental da articulação dos povos das cidades e das florestas nas tomadas de decisões e construções de uma sociedade crítica e ao mesmo tempo justa em condições que respeitem seu tempo e sua real capacidade de ação.

Tal tarefa não pode ter um protagonista se não a subversão popular, nas suas mais variadas formas como as batalhas de rimas, os movimentos de mulheres, de juventudes, indígena, da negritude, da população lgbtqipna+, nos movimentos populares entre outros inúmeros que não caberiam no texto, que emergem a necessidade de cessarmos as falsas dicotomias ou hierarquia das lutas colocaram entre os mesmos.

Não é de longe uma tarefa fácil dos marcos do Brasil alcançarmos isto, ao contrário, estamos a reboque de uma ofensiva conversadora e que monetiza nossas lutas do cotidiano, que mantém refém a jovem e frágil democracia pelo mundo

É também fundamental que estes dois eventos marquem a necessidade de disputarmos narrativas nas ruas e nas redes onde o Norte do sul global não seja referenciado pelo M da morte de rios, de pessoas afetadas pela seca ou pelas enchentes, dadas as faltas de estruturas ou por escolhas políticas que determinem o lucro acima da vida.

Os resultados não podem ser esperados para o agora, afinal, estamos provavelmente, proporcionalmente atrasados, os cento e noventa anos da Cabanagem frente aos lobistas do petróleo, da bancada do boi e da bala, assim como das oligarquias espalhadas pelo Brasil.

Mas cremos que o sangue cabano seja marca de um processo que não foi iniciado agora, mas que têm seus frutos no dia a dia daqueles e daquelas submetidas em escalas como a 6×1 ou em processos tão nefastos quanto. Este é apenas um texto de reflexão de quem carrega a Cabanagem na história, na moradia e no nome. Não obstante a máxima gramsciana de irmos com um pessimismo da razão, mas com o otimismo da ação podemos avançar e retomar o poder que precisa urgentemente ser popular.

Coordenação Estadual do Subverta Pará.