Sauna de aula não!: A luta por adaptação climática a partir dos estudantes

Foto de um protesto com cartaz em destaque: nossas salas não são sauna para sentirmos calor!

As aulas voltaram e vieram acompanhadas de ondas de calor recordes em todo o país, ao ponto de gerar o adiamento do retorno de escolas no Rio Grande do Sul e a liberação de estudantes mais cedo no Rio de Janeiro. Sabemos que o calor do verão brasileiro não é uma novidade, porém as temperaturas registradas nos últimos anos não devem ser normalizadas. Janeiro desse ano, por exemplo, foi o mês mais quente já registrado na história. As ondas de calor são, na verdade, eventos climáticos extremos, assim como as secas prolongadas e as enchentes recorrentes, e são resultado direto das mudanças climáticas criadas e alimentadas pelo sistema capitalista, baseado na exploração desenfreada da natureza.

O calor extremo não deve ser romantizado como “um ótimo momento para ir à praia”, como frequentemente é feito por telejornais da mídia burguesa. A subestimação desses eventos climáticos coloca vidas em risco, em especial de pessoas periféricas e pobres, que possuem menos condições de infraestrutura e saneamento. Essas temperaturas sobrecarregam o funcionamento de órgãos, geram desidratação, insolação (a depender da exposição ao sol) e, no limite, levam a óbito.

Nesse cenário, a falta de infraestrutura de climatização nas instituições de ensino, somada ao calor extremo, está afetando diretamente a dignidade de milhões de estudantes e profissionais da educação. Não existe possibilidade de aprender ou de ensinar num espaço com temperaturas insuportáveis. O acesso digno à educação é diretamente afetado pelos eventos climáticos extremos, seja com escolas alagadas ou com a falta de climatização. Não é viável aceitar estudantes passando mal de calor e tendo seu direito à educação restringido porque há, por parte do poder público, uma negação sistemática da necessidade de políticas de adaptação à crise climática. Proporcionar climatização nas escolas não é um luxo, é uma necessidade diante da nova realidade imposta pelo capital.

Em decorrência desse contexto de precariedade da infraestrutura das escolas públicas, têm ocorrido por todo o país manifestações espontâneas da comunidade escolar pela garantia de climatização nas salas de aula, o que demonstra a gravidade da situação do calor extremo e expande o debate sobre adaptação climática para além, do que é colocado (de maneira reduzida, da “questão ambiental”. Debater adaptação climática é lutar pela garantia de climatização adequada nas salas de aula e demais espaços de estudo e trabalho, pela garantia de bebedouros em pleno funcionamento, por de transporte público e escolar com menor lotação e climatizados.

Essas mobilizações representam a urgência de políticas de adaptação climática e a necessidade de debatermos seriamente os perigos do calor extremo à saúde humana. Além disso, é preciso que toda o movimento de juventude organizado, em especial as juventudes ecossocialistas, se somem e ajudem a construir essas mobilizações, que possuem um potencial de politização sobre a urgência da luta contra o colapso climático e que precisam avançar a partir de uma perspectiva anticapitalista.

Por isso, é urgente pressionar por políticas mais robustas de proteção e recuperação ambiental e, também, por políticas de adaptação para garantir o bem estar da população diante das mudanças impostas pela emergência climática, e isso envolve todo o conjunto do corpo social. A política negacionista é uma ameaça às nossas vidas, por isso a luta contra ela é fundamental para garantir nosso futuro.

Além de exigirmos salas de aula com condições adequadas de climatização, reivindicamos que seja incluído nos currículos escolares uma educação climática crítica, capaz de conscientizar as crianças e jovens da necessidade de transformação da realidade para que seja possível romper com essa lógica perversa de destruição da natureza. Para que seja possível a conquista desses direitos, é necessário que haja dentro das escolas movimentos estudantis vivos, capazes de fortalecer a organização dos estudantes para garantir condições dignas para a juventude e para adiar o fim do mundo.

Não queremos e não podemos ser a geração que vai aceitar passivamente a destruição da vida no planeta. Precisamos organizar nossa juventude em todas as escolas do país para que tenhamos cada vez mais força para lutar pelo fim desse sistema que nos oprime, nos explora e causa a degradação do meio ambiente. Por isso, convocamos todo o movimento estudantil a se somar na luta pela climatização nas escolas, assinando e divulgando o abaixo assinado, com a certeza de que esse é mais um passo para fortalecer a organização dos estudantes para a transformação radical da realidade.

Assine o abaixo-assinado e nos ajude a pressionar as Secretarias de Educação!
https://www.change.org/SaunaDeAulaNao

Referências:
[1] https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/sul/rs/onda-de-calor-faz-rio-grande-do-sul-adiar-inicio-das-aulas-na-rede-estadual/
[2] https://cbn.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2025/02/19/sem-ar-condicionado-e-agua-gelada-escolas-liberam-alunos-mais-cedo-no-rj.ghtml


Descubra mais sobre Subverta

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Avatar de subvertacomunica
Sobre subvertacomunica (125 artigos)
Organização Política Ecossocialista que atua para transformar o mundo, acabar com todo tipo de exploração, opressão e destruição do planeta!

Deixe um comentário