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Por Prévias Eleitorais: sempre da base para o topo, nunca o contrário

Nota do Subverta RS sobre as indicações da esquerda para a prefeitura de Porto Alegre

Considerando o processo realizado pelo PSOL portoalegrense para escolha de suas pré-candidaturas à prefeitura e o debate que se seguiu, é preciso corrigir a rota sob pena de entregarmos a chave da cidade por mais 4 anos nas mãos da direita bolsonarista.

Antes de tudo, não se pode pensar por um momento sequer que o bolsonarismo morreu com a derrota de Bolsonaro em 2022 e, quanto isso, cremos que não há ilusões dentro da esquerda. Todos os movimentos e partidos explicitam esse fato e o reafirmam diariamente. É consenso também que na capital gaúcha esse bolsonarismo é representado pela prefeitura de Melo e que é preciso vencê-lo definitivamente em 2024. Repete-se a todo canto: é preciso unir as esquerdas.

Parece-nos, no entanto, que (re)afirmar o óbvio não basta para isso se traduzir em práxis. Ou, talvez, que os partidos que compõem essa esquerda gaúcha tenham perdido pelo caminho a conexão com as bases sociais que os construíram. E, quando nos perdemos da base, nos perdemos de tudo.

Não existe unidade possível no vazio. Não existe unidade de fato quando apenas as “cabeças” dos partidos negociam. E mais ainda: não existe unidade concreta se feita apenas de partidos.

Quando falamos em unidade da esquerda, aparentemente é preciso explicitar o que as duas palavras significam. Esquerda não simples aglomerado de siglas partidárias, é, mais que qualquer coisa, movimento coletivo. E unidade não é coligação eleitoral, é, igualmente, movimento coletivo.

A esquerda latino-americana tem compreendido cada vez mais esse fato. As experiências bem sucedidas em nossos países vizinhos revelam verdadeira a afirmação. É na construção do movimento que o coletivo escolhe suas lideranças e daí vêm as vitórias. Sempre da base pro topo, nunca o contrário.

Precisamos com a máxima urgência abandonar as velhas práticas. Se o objetivo é a mudança real e necessária e não a autoconstrução e alimentação do próprio ego, estamos falhando repetidamente. Não cabe a nós, como partido, indicar nomes e depois buscar apoio nas bases. Os nomes precisam nascer das bases.

É uma tragédia política que tanto o nosso PSOL quanto o PT em Porto Alegre tenham rejeitado o clamor por prévias. Congressos partidários, tendo mil, 5 mil ou 10 mil participantes, não representam a cidade. Representam unicamente o partido. Prévias precisam ser feitas por mãos plurais de todos os cantos, partidários e não partidários. É também sintomático que ambos os partidos tenham ignorado completamente a força da primeira Bancada Negra da história. E, finalmente, que o PSOL tenha desdenhado do nome apresentado pelo Movimento Negro Unificado e o deputado estadual mais votado de Porto Alegre: Matheus Gomes.

Aqui não fazemos uma crítica especificamente aos nomes escolhidos pelos partidos para encabeçar suas chapas: Luciana Genro e Maria do Rosário. Ambas são políticas com longa história de luta em seus partidos e de muita importância para o Estado. Não pretendemos, em hipótese alguma, invisibilizar a companheira Tamyres Filgueira, mulher negra e que pode representar com valor os anseios de mudança da nossa cidade.

A crítica que fazemos é essencialmente ao processo de escolha desses nomes. Pode ser que, com prévias, as escolhas fossem as mesmas. Mas, se assim fosse, estariam investidas de toda a força e legitimidade democrática do conjunto social que as teria colocado na posição de pré-candidatas.

Há 20 anos temos repetido as mesmas práticas e perdemos todas as eleições nessa cidade que já foi vanguarda para a esquerda brasileira. É preciso recomeçar para enfrentar as mazelas que destroem nossa cidade antes que seja tarde. Ainda há tempo para voltar e tomar o caminho correto, mas é preciso agir agora. A história não perdoa vacilações.

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